Momentos de Perda de Vontade
E aí, Bruto, tudo bem? Criei este blog para compartilhar minha opinião sobre diversas questões do universo masculino. Você sabia que 75-80% dos suicídios são cometidos por homens, enquanto as mulheres correspondem a aproximadamente 20-25%? É alarmante ver tanto sofrimento.
Entro nesse assunto hoje porque acho importante discutir como a tecnologia e a internet têm afetado a nossa sociedade. Não quero dizer que as pessoas estão “doidas” no sentido literal, mas sim que muitas estão sem rumo e objetivos. Crianças passam 12 horas por dia jogando no celular, sem socializar, sem correr, sem brigar na rua, sem fazer coisas que antes eram comuns, como atirar pedras no telhado do vizinho.
Me diga, Bruto, como será a criação dos filhos dessas crianças, se elas conseguirem casar e ter uma família? Não estou falando por mal. Sei que essa é apenas a ponta do iceberg e que o suicídio pode ter várias causas, mas um ser humano que passa o dia todo no celular, o que estará pensando? Mente vazia é oficina do diabo.
Perdi meu pai aos 5 anos e minha mãe aos 22, e nunca tive esses pensamentos, entende? Fico feliz por ter nascido em 1990; talvez, se fosse da geração 2000, as coisas poderiam ser diferentes. Este é apenas um leve desabafo. A postagem de hoje é sobre a perda da vontade de viver, não estou falando de depressão ou vontade de cometer um suicidio. Estou falando da vontade de querer socializar e fazer as coisas, entende.
Então, vamos iniciar o artigo de hoje.
Quebrando o Azedume
Bom, se você pesquisou algo parecido com o título deste artigo, provavelmente está enfrentando problemas ou pensamentos intrusivos. A primeira coisa que eu gostaria de dizer é: respire. Feche os olhos, encha seus pulmões de ar, puxe uma boa quantidade e, com os olhos fechados, solte o ar devagar. Faça isso umas três vezes.
Você conseguiu? Isso é a vida! É sua vida, e ela pode ser boa e gostosa. Eu não sei qual é a sua dificuldade ou o que você está passando, mas gostaria de dizer que você não está sozinho. Entende? No entanto, você precisa deixar as pessoas entrarem, ser mais sociável.
Sei que, nesse momento, você pode se sentir como uma pessoa chata, que não acha graça em nada, uma pessoa azeda. Então, a primeira dica é: sorria. Às vezes, alguém faz uma brincadeira ou traz um assunto que pode parecer chato ou sem graça, mas, mesmo assim, sorria.
Tente ver o lado divertido de uma brincadeira ou o que você pode aprender com um assunto entediante. Quero que você se desafie: se o assunto for chato, leve na esportiva e, depois, procure tirar algo proveitoso dele. Se a piada não fez você rir, comece a trabalhar para mudar isso. A partir de hoje, deixe de ser uma pessoa azeda e comece a se socializar.
Momentos de Crise
Tem mesmo momentos na vida em que a gente perde a vontade de tudo. E o que é que a gente pode fazer nessas horas? Tem remédio? Tem solução? Tem fórmula? Não, nem remédio, nem solução, nem fórmula, mas há caminhos e certos movimentos que podem lhe levar numa direção diferente da que você tá indo.
O Primeiro Movimento: Afaste-se e Observe
Afaste-se e Assista
O primeiro movimento é o seguinte: se afaste e assista à cena. É quase como se você fizesse um movimento de recuo e olhasse para sua vida, para o seu dia a dia, como se você estivesse na plateia de um teatro. Então coloque sua vida num palco. No final das contas, a vida é quase isso: uma peça de teatro onde a gente representa papéis, personagens, faz movimentos, tem falas, tem reações.
Só que a gente tá tão dentro da cena que, às vezes, não consegue ter essa perspectiva. Então, sente-se na plateia e assista o seu dia a dia. Como é que se parece? Como você funciona nesse dia a dia? Como é a sua dinâmica com os outros? Como é que é a carga da sua bateria social? Você é uma pessoa que vive muito isolada? Como é a sua alimentação? Como é seu sono? Como é sua relação com quem vive na sua casa? Enfim, comece a se observar em cena.
Sem Julgamento
Mas você vai fazer isso de uma forma diferente da habitual. Normalmente, quando a gente observa coisas da própria vida, nós julgamos: “Nossa, como eu sou chato”, “Nossa, como eu sou incompetente”. Não, você apenas vai assistir sem julgamento e com curiosidade. Diga a si mesmo: “Qual é o meu funcionamento na vida?” Mas sem se julgar.
O Segundo Movimento: Não Acrescente Sofrimento à Sua Dor
Reconheça Seus Infernos
O segundo movimento é o seguinte: não acrescente sofrimento à sua dor. Parece estranho essa frase, mas compreenda: na hora que você observar a cena, você vai perceber que nós criamos pequenos infernos para nossa própria vida. Nós acrescentamos dores em cima das nossas sobre as feridas.
Isso pode ser através do julgamento que eu acabei de falar, mas também pode ser através da repetição de comportamentos que sempre tiveram com a gente. Às vezes, coisas que a mãe ou o pai tinham de maus tratos, de abandono, de rejeição, acabam sendo incorporadas por nós. Então, não é que as dores não existam; elas existem, mas é como se eu acrescentasse dor à minha própria dor.
Ciclo Vicioso
Por exemplo, no trabalho, as pessoas são super pouco amistosas com você e você começa a ser pouco amistoso consigo mesmo, incorporando aquelas pessoas que faziam bullying com você na escola. Sem perceber, criamos pequenos infernos para nós mesmos.
Muitas das nossas dores têm motivos de existir, mas são potencializadas porque jogamos água com sal na nossa própria ferida. É por isso a importância de observar a cena; assim, você vai parar de colocar ainda mais dor em cima dos seus problemas.
O Terceiro Movimento: Defenda Sua Criança Interior
A Defesa Necessária
O terceiro movimento, se você perdeu a vontade e o gosto por fazer tudo, é o seguinte: seja advogado da sua criança interior. Eu não sei o que você está vivendo, não tenho ideia do que você está passando e eu sei que você tá sofrendo. Tem coisas muito ruins acontecendo na sua vida nesse momento.
O Que a Criança Precisa?
Você já viu como a gente está muito pronto para brigar e defender causas, coisas e situações? Nós somos ótimos advogados da religião que acreditamos, do partido político que apoiamos, das ideias que achamos certas. Nossa, nós somos advogados assim ferozes!
A questão é que essa mesma garra de advogado que você tem, você deve ter com a sua criança interior. Todos nós temos uma criança interior despedaçada, que passou por situações difíceis e que viveu coisas que não conseguiu entender. Então, advogue por essa criança!
O Quarto Movimento: Não Tenha Pena de Si Mesmo
Evitando a Autopiedade
O próximo movimento é: não caia na ideia de ter pena de você mesmo. Quando a gente perde a vontade de tudo na vida, é muito comum cair na pena de si mesmo. Eu pontuo isso porque é um contraponto com advogar pela sua criança interior.
Advogar pela sua criança interior e refazer esse caminho dentro de você não significa ser infantil e ficar se lamentando. “Ah, coitado de mim! Ninguém tinha o direito de ter feito isso comigo!” Pare de sentir pena de você!
Esteja você vivendo o que estiver, você não é diferente de mim nem de qualquer outro nesse mundo.
Reflexão Final
Todos nós temos problemas, temos injustiças, temos enigmas, temos dificuldades das mais variadas. Algumas econômicas, outras de saúde. Todos nós sofremos nesta vida. E, claro, quando eu falo de perder o gosto e a vontade por tudo na vida, não estou falando de um quadro de depressão, que é uma doença, é outra coisa.
Estou me referindo a esses momentos em que simplesmente dizemos “ah, dane-se”. Somos bons em chutar o balde, mas esquecemos que depois teremos que pegar o balde e limpar o chão.
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